Sunday, April 22, 2007

SOS TV!

Ontem tive um sonho! Ou seria um pesadelo?! Entrei na sala e, vai daí, vi uma rapariga desgrenhada, aos saltos... De um momento para o outro transformou-se em freira...
Fez-se luz! O panorama social e político do nosso País ia mudar. As nossas crianças iriam ter um espaço televisivo à medida das suas necessidades, enquanto crianças. Apesar de saber que se tratava de uma nova edição de uma série desengraçada, ainda tive esperança de que, agora, nesta Primavera que mais parece um Outono, surgisse qualquer coisita que não tratasse mal as inteligências dos nossos meninos e meninas...
Não! Isto ainda é pior que dantes!
«Não sejas tão exigente!» - disseram-me ao ouvido os meus botões. «Fica mais um bocadinho!» - continuaram eles!
Lá fiquei. E que vi eu?
Uma antologia de desrespeito pelas mais elementares regras de convivência.
Um jardim de flores artificiais e murchas.
Um manual de humor primário e desinteligente.
Mas...
Sobe as audiências...
Mas...
Sobe a craveira mediática de uns tantos...
Mas...
Faz movimentar milhões!
Mas...
Ainda há quem não mude de canal e vá, por exemplo, para o National Geografic...
Eu, que em tempos, julgava saber um pouquinho de teoria e práticas educativas e de comunicação, comecei a revolver-me no sofá e tapei os olhos e os ouvidos a uma das minhas gatinhas para que nem ela visse nem ouvisse tantas bacoquices...
Lembrei-me do Manifesto Anti Dantas. Desliguei o televisor e fiz: PIM!

Wednesday, April 18, 2007

O Tempo não existe

O Tempo não existe.
O amor e a dor, o eu e o outro, juntam-se numa ilusão, ora boa ora má, ora de luz ora de sombras, a que chamamos Tempo. São estes quatro pólos que nos fazem girar, de acordo com a força que, Nós, imprimimos a cada um deles.
Estamos agora sob o domínio da dor e do eu que giram na sombra.
Não amamos os outros.
Deixamos crescer a violência e a hipocrisia.
Permitimos que a mentira subjugue a luz.
Passamos indiferentes perto da fome e do sofrimento que matam os mais pequenos.
Em nome de um Deus, que responsabilizamos pela nossa cegueira, fechamos os olhos e, de olhos fechados, caminhamos num tempo sem luz.
Quando olharmos para uma Flor e virmos nela a harmonia, quando olharmos para o Outro e virmos nele essa Flor, então poderemos estar a querer subjugar a mentira com a luz e a transformar a dinâmica do Tempo
O Tempo não existe. Nós existimos no Tempo.

Monday, April 16, 2007

Está lá tudo!





Está lá tudo!
Procura bem e vês a varanda onde te rebolavas cheio de sono!
Procura bem e vês o palheiro (até conseguirás ver a gata, agora já com a sua família constituída e numa versão mais sofisticada)!
Procura bem e vês o relógio na casa de fora, a banca junto da lareira
Procura bem bem e vês as árvores floridas e as oliveiras vestidas de um verde triste..
Procura bem e vês os ninhos e vês os passarinhos!
Fecha os olhos e procura bem. Hás-de ver as mãos que te cuidaram, que te ensinaram a ver o mundo à sua medida: a medida da justiça e da bondade.
Procura bem e verás a loja, sentirás a sua frescura...
Continua a procurar e verás um outro esteio da tua vida que também se foi, mas ainda te sorri.
Escuta bem e ouves os rouxinóis e os melros.
Escuta bem e ouvirás a música dos pinheiros que ondeiam da mesma forma.
Escuta bem e talvez ouças a melodia da água da fonte e o sussurrar da água do ribeiro...
Procura bem e vês todos os cantos e recantos da tua infância. Agora eles estão coloridos pelas alegrias de toda a tua vida, pelo teu sucesso, pelo teu querer...
Está lá tudo!
Procura bem e encontrarás a tua infância reconstruída no mesmo pequeno (grande) mundo onde nasceste.

Sunday, April 15, 2007

Os meus gatos e as crianças

Seriam os meus gatos felizes sem me verem? Seriam os meus gatos felizes se, em cada manhã, não tivessem colo e cuidados de higiene?
O que seriam os meus gatos se não falasse com eles, se não lhes ralhasse quando fazem maldades? Nem quero pensar...Contrairiam doenças, seriam agressivos e até perigosos. Deixavam de ser os meus gatos...
Então pergunto agora: serão felizes as crianças que não têm colo nem cuidados de higiene? Serão felizes as crianças se não se falar com elas, se não se corrigir o que, às vezes, fazem errado?
Para muitas crianças o conceito de felicidade é muito diferente do dos meus gatos que não são violentos porque não têm violência à sua volta, não roubam porque têm tudo o que precisam, são meigos porque sentem que são amados.
Por que razão me lembrei agora de Caetano Veloso e da canção Menino do Rio?
Porque razão guardo na memória tantas imagens do filme Central do Rio (protagonizado por Fernanda Montenegro e que, curiosamente, vi em Estocolmo)?
Por que razão guardo na memória tantas imagens televisivas de meninos, com armas na mão, a serem treinados para a guerra?
Parece-me que vivemos num mundo em que quase não há crianças porque todos falamos delas e poucos as queremos como eu quero os meus gatos. Com amor.

Monday, April 9, 2007

Os meus meses

Abril é o mês forte para a mudança. Em todos os campos. Em todos os cantos e recantos das nossas vidas há sempre trans-formação se soubermos (e quisermos) refrutificar o que nos rodeia e não deixar morrer as esperanças nascidas em meses de Abril distantes. A Natureza ajuda-nos com a sua própria renovação, apesar da chuva e do vento que persistem em fazer com que esqueçamos que o Inverno passou.
Sinto-me hoje um pouco voltada para os lugares-comuns, mas não faz mal. Gosto de Abril, de Maio, de Junho, de Julho, de Agosto, de Setembro, de Dezembro... Gostaria de hibernar em Outubro e Novembro, porque são cinzentos, indefinidos. Não gosto de Janeiro: é longo e frio. Não gosto de Fevereiro: deixou-se enganar pelos seus parceiros e ficou com menos dias para se divertir no Carnaval. Viva Março! Anuncia a Primavera, a alegria de renascer. Dia da Mulher e Dia do Pai! Viva Março! Viva Abril! Viva Maio!